02 outubro, 2010

Nada,

tem apenas quatro letras, mas vale tanto. Mais do que imensas palavras com cinco letras, ou seis.
Sente-se um vazio, falta qualquer coisa, capaz de me preencher. Não consigo explicar, não é fácil, mas não desisto.
Prolongar a prática deste título, é, certamente, dos parágrafos da minha vida a evitar. A tentar ou, pelo menos, que eu o quisesse.
Ao longo da minha existência, tenho sentido tantas e variadas coisas, tenho visto, sentido, entre mais um vasto conjunto de sensações e formas verbais.
Se as coisas são quadradas, eu desejava-as que fosses circulares. Se algo é azul, eu queria que fosse verde. Se algo é como eu não gosto, eu amava que a pudesse amar.
Para mim, seria muito mais fácil que certas coisas acontecessem conforme o desejado, o que eu desejo. Mas não é, então tenho de encarar a realidade, que nada se passa assim, e que haverá sempre aquele espaço, destinado a isto, aquilo, e a ti.
Pode não ser agora, daqui a uns anos, mas o título passará a final. Ou tarde, ou cedo, sinto, e espero, que sim.

Porque pretendo transformar a falta de algo, na presença de outra coisa. Substituir, nunca! Apenas adio e realidade, o futuro, como forma de distrair e enganar este buraco.
O quão grande está, já não sei, mas parece que cada vez fica maior.
Espera, eu. Eu espero. Mas, o que foi isto? Que aconteceu?
Não foi planeado, não mesmo. Mas, foi bom. Muito, aliás.
Esqueci-me de tudo, menos do que se passava à minha frente.
Começou tudo e, poucos segundos depois, lá estava eu com a mente vazia, de tudo o que não se relacionava com o acontecimento presente, daquele momento.
Foi tudo tão inocente, e responsável.
E o tal buraco, aquele que eu tinha, não literalmente, esse, ficou minúsculo. Quase ilusório, irreal.

Foi uma estratégia pura, foi tida inconscientemente, e resultou.
Porque de nada, se teve o oposto.
E será sempre assim, no que eu puder, e tanto desejar.

Talvez, basta estarmos noutro sítio certo, a noutra hora certa, com outra coisa certa, ou alguém.
Porque se não dá de uma forma, há sempre uma maneira alternativa.
Sim, não há nada que seja sempre nada. Tudo pode ser tudo.
Se não for assim, é por outro processo.

Ali não dava para tudo, era tudo quase nada. Nada, nós não queríamos.
Fomos acolá, e tudo passou a tudo. Já nada era nada, pois de nada, nada ficou.
Não ansiávamos por nada, apenas queríamos tudo. Se aqui não, então ali sim.
E no fim, para mim, do vazio, passou tudo a:
Tudo!

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