28 outubro, 2011

Dupla Hélice

Foi uma vida evolutiva com dois eixos alojados em todo o seu percurso. Porém, nem sempre podemos dizer que o ritmo é, sempre, o mesmo. Imperfeita foi essa hélice, deveras, afinal. Será necessário uma demolição fatal - game over. Todas as vidas acabaram, e agora? Basta, para mim, reiniciar o cérebro e construir uma nova hélice? Supor que tudo não se passou? Mas, afinal, como justificaria eu os bónus que obtive durante toda este jornada?
Feridas costumam sarar, mas e amputações? Que mistura adversa quis explodir? É uma chamada de um demónio, tentando escapar desta prisão irreal? Foge, ser indefeso, mostra as tuas verdadeiras garras, rasga toda a carne fresca que possas encontrar, sacia toda a sede que tens desse líquido encarnado e revitalizante, que matas para ter, mas te dá vida! Ironia da morte.

Enquanto bebeste tudo, perdes tempo nesse ciclo contínuo, não paras! Mas, olha para ti, estás bem assim. Tu sim, desces e sobre a tua vida através de uma dupla hélice perfeita! Nem feliz, nem infeliz. Apenas porque sim. Aparentemente, gostas. Essa tua simetria, a que chamas de rosto, transmite toda a tua dor. Afinal, que estás tu a sentir? Não sentes? Matas, portanto! Foste assim ensinado, vives na tua perfeição, inabalável. Porque não posso ter garras, também, e espetar na traqueia daqueles que me aparecem à frente, arrancar-lhes as entranhas, esfregar-me por todos esses recheios e sentir-me histérico!

Mas, sabes que mais? Já sei: aniquilarei esta minha hélice, e guardarei todas as suas cinzas numa caixa, bem minúscula! Abrirei uma cova, vou dar uma pancada nesse objecto, para que lá fique armazenado. Farei o que for preciso, nem que morra desidratado, ou que fique tapado por todos os rochedos que terei de mover! Toda o solo será abalado, mas e daí? Nada me deterá, nem que tenha de voltar cá e repetir tudo, vezes e vezes sem conta!
A partir da última pedra colocada no topo, por mais insignificante que seja, mudarei, serei livre, e serei escultor! Trabalharei uma nova rocha, e surgirá um novo ciclo! Cada vez mais perfeito, em relação ao anterior!
Então, sim, estarei pronto!

(Uau, curioso, já comecei a fazer a cova, prepara-te caixa maldita, já falta pouco!)

02 outubro, 2011

O pensamento D

A antecede o B, que empurra o C. Mas quem chegou agora, foi o D. Uma sequência inteligente, mas mortal. O pensamento, até ser partilhado, não te tortura, fere ou mata. Se te pode ajudar? Claro, mas esse é um dos três precedentes. Avanças e depois queres recuar mas, lamento, o trânsito parou. Rasteja aos meus pés, vais sofrer aquilo que eu senti.
Não agora, porque não consigo.
Ó ignorância, tens medo de mim? Avança, enfrenta-me em qualquer momento! Agora tens vantagem, mas não prometo que venças. Por mais que o queiras, terei sempre um livro que te irá repelir, tu não aguentarás!
E agora, buraco maldito, abre-te, suga e leva tudo! Não te preocupes, eu já estou a caminho, vou preencher-te por todo, vou lá desenvolver-me e criar o meu ambiente. Não será a nossa imaginação, será realidade. Vais querer que eu de lá saia, mas não encontrarei a chave para a porta trancada. Se assim não fosse, alguma rocha teria a gentileza de se colocar como obstáculo.
Haja algo com boas intenções.

Vou-me habituando a isto, é como a minha rotina. Mas preciso de me divertir: isto é um tédio, não me apetece nada. Ou então apetece tudo, mas nem me decido.
Aaaaahh! Liberta-se um grito e de repente surge uma solução!

Traz-te a ti, que eu levo o revolver. Just for Fun.