16 agosto, 2010

Tudo, menos isso!

Não é água.
Talvez nem seja um refrigerante.
Nem outro líquido qualquer.
Afinal, o que é?
Nem eu sei.
Porquê?
Não se vê?
Eu não.
Se alguém vê?
Não sei.
Sei alguma coisa sobre isso?
Talvez.
Mesmo?
Não sei.
Então?
Não sei.
Até não sei se sei.

O que sinto, estranho, não é meu.
Talvez isto não seja eu, em mim.
Talvez esteja possuído.
Talvez não esteja.
Talvez seja apenas um talvez.
Talvez seja mesmo isso.
Talvez.
Talvez.
Talvez.

Porque tem de ser assim?
Faltas-me.
Liga-me.
Fala-me.
Vem. Anda. Sente-me!
Olha-me.

O que sinto, ai, o que sinto.
O que sinto, eu não sinto.
O que não sinto, quero sentir.
O que quero sentir, não sinto.
Não sinto, não.
Mas, afinal sinto!
Mas, o que é que realmente sinto?
Já disse que não sei!
Os "talvez", já os disse.
Até poderia usar mais, mas não quero.
Talvez pudesse, talvez não.
Talvez quisesse, talvez não.

Que ódio, que falta de tudo, e de nada.
Isto, isto não é água, não.
Antes fosse.
Antes fosse, mas não.

Isto é fastio, não que se beba.
Se fosse de beber, bem morríamos desidratados.
Não porque houvesse falta, mas porque queríamos.
Eu iria querer, não gosto de fastio.

Que tédio.

Não aguento muito mais.
Não desta maneira, esta que odeio.
Mas se for outra, talvez.
Talvez aguente.
Ou talvez não.
Não sei.
Não sei se sei.
Não sei se não sei.
Não sei.
Simplesmente.
Simplesmente isso.

Que aborrecido.
É isto, sim.
Mas escrever, não, isto não.
Isto não, não é água.
Mas desta eu beberia.
Beberia sempre.
Com ou sem sede.
Não desidrataria.
Viveria.
Muito e muito!
Saudável.
Sem morrer de sede!
Continuaria assim, mas terei de parar de beber.
Não que não goste, mas porque terei de o fazer.
Viver assim, não.
Mas tem de ser.

Porque eu poderia escolher tudo.
Tudo, menos isso!

(Converte o tédio em alegria.
Em algo bom.
Em vida.
Em água!).

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