24 julho, 2011

Esta Velha (Nova) Angústia

Não é velha, é nova. É irmã da velha.
Não a trouxe há séculos, mas há minutos.
De mim se derramou. Uma lágrima.
Sensações insensíveis. Visões ocultas.
Pensamentos impensáveis. Outra lágrima.
E mais um choro seco, completamente seco.

Entornou.
Continuar assim, não sei.
Não consigo continuar, dói.
Antes fosse tudo diferente, melhor.
Não: é estar assim,
Não sei,
Este estar,
Assim.


E poder-se-ia continuar na comparação de angústias. Mas não, não é possível. O meu psicológico está a sofrer. Uma faca, velozmente entrou no meu interior, passou a velocidade luminosa – foi demasiado rápida para que se pudesse evitar. Lá dentro, rodou. Tortura-me por dentro insignificante objecto, dilacera-me mais, não quero sentir este abafamento. Prefiro-te.
Amputado estou. Mas quem és tu? Quem foste tu? Tenho medo, eu já não sei.
As minhas pernas não me mantêm firme. Fraquejam. Eu caio, não me seguro, e rebolo pelo monte. Está escuro, tenho medo. Os ramos secos das árvores velhas espetam-se em mim, sinto-me cortado simultaneamente nas mesmas chagas. Espalham ácido em mim, dizem-me que é água. Nem forças tenho para levantar a mão e fazê-la percorrer o meu corpo. Essa estranha água entra em contacto com todos os meus poros. Que sensação estranha e divertida. Sinto-me a derreter, mas gosto.
Que aflição a minha, mais uma vez tenho medo. Não me bateste à porta, não me avisaste. Quero fugir, não consigo. Tens contigo um quebrador de joelhos. Não resulta, pois essa dor não sinto. O que me dói: Eu. Que desânimo.
Poderias usar o ácido, entorná-lo na minha boca, para que eu o engolisse, e mesmo assim não seria dor tão forte.
Cose-me a boca, os olhos, o nariz. Todos os orifícios, e eu sentirei dor: a mesma, aquela dor de angústia, sofrimento. Sensação que me faz apetecer arrancar um dedo, uma mão, um braço. Que me faz querer esmagar-me lentamente, arrancar um olho com os meus próprios dedos.
Não há chicote que me faça mudar de vontades, isso só me impulsionaria nas minhas vontades. Afinal, tentei, não consegui. Aumenta a dor, não fui capaz. Não acabei com uma dor interna, sabia que não era capaz. Mas tentei, fracassei, piorei.
Torturo-me ainda, sem parar. Afinal Dor, tu de cá não sais, a não ser que deste jogo eu saia. O tempo pode não ser muito, as vidas já foram quase esgotadas. Não sei o que me espera. Talvez esta noite seja diferente, talvez amanhã seja tudo diferente. Ou talvez o meu cérebro queira provar chumbo, e goste.
Pum, já está.

Sem comentários:

Enviar um comentário