10 outubro, 2010

Ninguém merece:

Que vida, esta. Está complicado, tudo. O vento prepara-se para bater recordes. A chuva, é tanta, que em segundos mataria a sede a quem a tem, e até mesmo que a tivesse. As árvores, não param de se agitar, querem fugir dali, com todas as suas forças, dizem as pessoas que as conhecem e que com elas falaram. Janelas, paredes, telhados. Carros, motas e triciclos. Tudo se moveria numa única direcção, tudo seguiria o mesmo destino, a luz. Não, nada disto estaria a fazer a viagem para um submundo qualquer, qual seja ele, ou eles, caso estas espécies tenham a infeliz sorte de se separarem daquilo que sempre conheceram, daquilo que os completava, daquilo que realmente lhes interessava. Se por aqui é assim, num canto diferente as mesmas árvores, as mesmas janelas, as mesmas paredes e os mesmo telhados, não estariam encharcados, inundados daquilo a que chamam lágrimas de alguém superior a tudo o resto.
Essas mesmas coisas, todas elas, desejariam, nessa outra localização, estar molhadas, a toda a hora, durante a sua seja e estalada existência. Porque é que nem tudo é igual? Porque é que tem de ser tudo diferente, ao mesmo tempo? Ninguém poderia explicar, apesar de ser óbvio. Mas encontrar uma solução para tais respostas, isso ninguém saberia.
A diferença pode acabar com tudo, ou até mesmo nem dar oportunidade ao aparecimento. Mas nem sempre é assim.
Há ocasiões em que é permitido que tudo se junte, que tudo seja como no oposto àquele determinado ponto. Seria fantástico que tudo se mantivesse dessa mesma forma. O vento, não bateria recordes, a chuva mataria a sede, apenas a sede. As diferenças não seriam diferenças, seria uma inexistência. Tudo estaria devidamente junto, sem que nada interferisse. Seria perfeito, provavelmente.
Pensar nisto, traz-me recordações, daquelas que preferia manter como puras recordações, se é que alguma vez foram dessa forma. Não encontro razão, mas é o que sinto, esta diferença. Talvez seja o vento que te leva para Este, enquanto que o mar me puxa para si. Ou talvez a chuva, que me impeça de te ver nitidamente, que cria um nevoeiro duro, que me faz pensar que não estás lá, que já foste.
Ou então, foi culpa do sol, que com tanto calor, triturou-me o cérebro, e me fez ser um criador. Um criador, de miragens, que me levou a acreditar que estavas lá, só para mim. E eu caí nessa armadilha, supostamente. Já nem sei o que seguir. Talvez nunca estivesses lá, para além de miragem, e eu pensasse que sim, o que me leva a pensar que agora já teres desaparecido, mesmo que continues como sempre continuaste.
Este incerteza, este mundo, este temporal. Por vezes, o tempo varre tudo, tendo de se construir todas as casas de novo, todas as paredes, janelas e telhados. Todas as árvores arrancadas, servirão para outra coisa, e no seu lugar plantar-se-ão umas pequenas folhas num pau, que mais tarde serão árvores, e aquelas que foram devastadas, serão esquecidas, por quem as pouco conheceu.
Há momentos da vida em que uma tempestade é a solução, ou um tsunami vital.
Fomos vítimas do Outono, mas eu tentarei resistir ao vento, ao mar, à chuva. Mas só aguentarei até certo instante: aquele em que resistirás também, contra tudo isso.
Porque começar de novo, ninguém quer, custa muito, mas por vezes é a única coisa a fazer.
Ninguém merece perder tudo, tudo aquilo por que lutou, tudo aquilo que construiu, pelas próprias mãos, ou o que quer seja. Será que também terá de ser assim connosco? Se assim for, depois de comprar a minha nova árvore, a tua já não estará capaz de continuar cá, caso tenha resistido ao vento.
Já vesti um casaco grosso, calcei umas botas, e peguei no cachecol, no maior que tenho. O guarda-chuva, não me esqueci dele. São as minhas armas contra a Natureza. Espero agora, que sejam também armas de salvação. Nem tudo é eternamente resistente, e há sempre a erosão. Malditas tempestades, malditas ondas fortes do mar. Vós, que só sabeis destruir o que nos aparece à frente, e não tendes compaixão por nada. Eu tanto vos peço, tanto vos falo, tal como imensa população que ainda nos resta. A vós, que nada mais vos interessa, vos peço mais uma vez: poupai-nos desta vez, nem tudo tem de ser um recomeço. Há alturas em que um avanço é resposta mais correcta, em oposto ao recomeço, ao nascimento de um pássaro novo, à plantação de uma pequena árvore, ou à construção de uma nova casa, por mais pequena que seja, mesmo sendo para o abrigo daqueles que nada têm.
Não penseis apenas em vós, não sejais irresponsáveis, invejosos, malditos!
Há sempre forma de mudarem, e esta talvez seja uma alternativa. Ajudai-me, que talvez vós sejais também compensados.
Ninguém merece, não, já o disse, nem vós mereceis, nem eu.
Agasalhem-se!

8 comentários:

  1. estavamos a falar da minha ficha de inglês ?
    bem , recebi hoje a nota e só tive 15 ;s

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  2. pois , mas a FQ tive 11, 7 -.-
    tb era só uma ficha , mas queria ter tirado mais.

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  3. tenho teste daqui a uma semana , tenho de subir .

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  4. Obrigado :)
    Gostei muito, Hélder.

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  5. Não sabia deste teu talento da escrita :b

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  6. exactamente *.*
    aiiii, estou a delirar com o teste de sexta a fq rapaz xD ando a estudar todos os dias desde há 10 dias para cá :o

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