10 agosto, 2013

U N S O U N D

Mágoas imensas possuem um corpo. Incêndio... Deveras flamejante. Que congela. Pensamentos ou oxigénio são incapazes de competir com nutrientes. Veias rebentam, sangue ganha força e é-lhe dado voz.
Há uma felicidade por trás de cada morte ou explosão. Sorriso mórbido invisível em cada ser. Ligeiramente inclinado para a esquerda ou para o oposto.
Mr. D. cumprimenta e apalpa cada cordeiro. O melhor será abatido. Ou esmagado com o maior sofrimento impossível, onde será essa a falta da sua respiração. Cada espernear encarcerará a vítima. Até prender e não der mais. Mas talvez ela goste.
Como que uma agressão concebível por ambos.
Mademoiselle S., docemente vingativa, lhe ofereceu um lugar a seu lado, garantindo que seria como ela, feliz a seu jeito e semelhança. Pobre coitado não a conhecia, mas aceitou. Sucumbida de beleza enganadora, tal criatura o enganou.
D., Mr., não sabia para onde ir, mas tinha fome. Pegou numa faca afiada e cortou um pedaço de manteiga, para barrar num pão, enorme. Pensou ele.
Tinha acabado de degolar S., Mademoiselle, e espalhado a tinta interna pelo seu corpo. Gostou.
Sentira-se tão só, nem espelho algum lhe daria presença segunda. Ideias desvanecidas que precisava de encontrar e aumentar. Era disso que tinha fome, não de carne ou entranhas monstruosas. Não era fácil, vivia numa realidade longínqua ao irreal.
Duas horas após a sua refeição e estava de novo feliz, de um modo que nem ele sabia ser possível manter. Fora abençoado com a vida do último registo que saboreou.
Gostou ainda mais. Descobrira o que fazer. Barrar todas as criaturas em amido e triturar. Degustar incessantemente.
No fim, será o seu. Espera sentir o último poder de inspiração, guarnecido de uma matiz vermelha. Não saberá. Mas quando chegar a sua vez, isso sim, ele saberá.

14 julho, 2012

A Origem!


«Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura», mas, e dura água? Líquido puro, cristalino, futuro precioso, fundido por desmedidas constelações, todavia, existente desde uma realidade anciã.
Produção estranha, que constituis o que outrora se chamara de «origem», és tu capaz de moldar seres vivos, não-vivos, ou indeterminados? Quero e devo crer na resposta afirmativa, por incapacidade atribuída ao que tu és.
«Perante Vós, criaturas, me apresento como produto surgido após bruto confronto, tendo como parte submissa todo o conjunto orgânico que me caracteriza, e do lado antagonista essa mesmo estranheza em corpo de produção, que me acolhe, como se de um vampiro se tratasse em busca de toda a minha substância intercelular e demais inseparáveis.
Com moleza ando, respiro e vivo. Estou débil. Que tipo de rocha te revelas? Tão desumana quanto aparentas? Tão rija como te proverbiaram?
«Aqui estou eu, produto surgido..» e o resto, o resto é nome próprio.

«Que ruído é este que atormenta toda a animação?»
«É uma tua onomatopeia em colisão..»

«Não! Meus corpúsculos não penetram. Nem são consumidos. De que me vale continuar? Desperdiçar energias vitais à minha respiração?»
Em provérbio assim, pura verdade disfarçada ou adaptada, resultado não é esperado como sua recepção assim o destinaria, ou se estimaria prever.

Impossível ilusão seria
Mas teu espelho me enganaria
Qual será tua ambição?
Se nem tens coração?

Com sábio e robusto papiro, foi ponderada uma decisão. Para dura, dura água, e personagem influenciada, para pedra assim tão dura nada melhor que rocha mole. Sendo tu assim tão dura, mera peça de um tabuleiro, eis que tomas o que a ti condiz. Por eterna decisão, a água, assim, se firmou.
Em povoação para amestrar, não vais tentar. Situação dominar, por ti supões. Por ti, teu vento dominarás, por ti, direcções controlarás. Tempo de destino verbal, a ti vem, antecedes, o que queres.

Pois assim, fica, tudo muda, como a flor dissimulada de uma geração. Nasce, cresce e morrer. Por entre o seu ciclo natural, muda. Mas não como quer. Muda. Mas sofre o que lhe fora dado, por dentro. É aí que tudo começa.

12 julho, 2012

Era uma vez.. Ou duas!

"Olá Morfeu, posso?"
"Olá criatura, não, não podes."
"Porquê?
"Não quero ficar sozinho."
"Estarei sempre contigo.."
"Então vamos fazer uma festa?"
"Que tipo de festa?"
"Quem sonha és tu, decide.."

São horas. 1. 2. 3. Começa agora. Teu relógio de ave rebentou, e teu sólido de linhas te pode aconchegar! Ouves, bem longe? Uma leve batida se torna mais forte, a cada segundo. Tum, tum, e aí teu agente motor trabalha numa amizade falsa, de ilusão, com essas forças. Certas sábias vozes iriam definir estranho comportamento como sendo teu coração em total submissão do teu cérebro. Dizem elas.
Prefiro pensar numa alavanca capaz de puxar sagazmente.. Puxar. Puxar algo!
Roldana oxidada, ou talvez não. Escravos por trás. Pela frente. Esquerda. Direita. Cima e baixo. Pequenas partes da tua alma, te dão vida, como uma maldição. Maldição da vida. Ou falta dela.
Mas, Morfeu, mísero coitado, defere tal decisão. Em mitológica (ir)realidade, leva a própria Ciência. Ciência tua, consciência, conhecimento, ou estupidez. Define-a a teu próprio paladar, pulso firme é o teu!
Morfeu te submete aqui, mas além é teu, sobe a perna, levanta a renda, e bate, bate com força! Estalo oco na madeira de uma árvore rara, material esse a quem dás o nome de altar.
Deus grego, deveras, cujo Fado é seu tom musical. Apenas.
Procura sua irreal armadilha, corpo soberbo o seu, tão semelhante ao teu. Agora! Quimera aqui se invoca, "Vem. Vem. Vem antes!". Retorna no relógio, por brilhantes ponteiros, e pára! Corda parte ou mola torce; número sai, que acontece?
Pretérito mira, em tua ira, Morfeu vira, e tudo gira! Amén.


Invulgar macumba te atordoa, mas e agora? Em presente tempo verbal, sabes o que elaborar! Aproxima, dá as boas vindas, agradece a sua chegada, e lamenta que nunca regresse! Em ti mesma, criatura raivosa, conjunto de dentes alterados, suga-te! Possui-te, a ti e a Ele.
Absorve o poder, sente, sente tudo! Compaixão estranha te consome, mas é generosa.
Degustar teus tecidos celulares, foi bom. Ter o bastão, é melhor.
Era, sim, uma vez, em que Ele fora tu, e tu ninguém. Fora, sim, outra vez, em que isso só acontecera en metade de uma biografia.

07 julho, 2012

Linhas ley..

Em ponto de repousar,
Tuas pálpebras colar,
Para um duende matar,
E todo o carbono sugar.
Ament confrontarás,
 E nada renunciarás,
Nem vinho nem pão,
Em tudo, sua ocasião.
"Eis que o fim culminou,
Nem salvaram os lung mei;
 Mas em nada lhes temei,
Um a um, a si cunhou."
Em consciência de feitiços,
Borboletas são rendimentos,
Homens se tornam noviços,
Nobres como encantamentos.


Apenas em teu interior,
Descobrirás único sabor;
Cometerás perverso ritual,
Mas em nada será lingual!
Essa tua orgânica fortaleza,
Que apelidam de singular;
Mas com rara extrema beleza,
Quem é que a merece olhar?
Pára! Não ouses tal questão
Nem que fosses tal Plutão;
Inquire, sim, "Onde estás?"
Ou nunca te sentirás.
Nem mesmo um fruto acolhido,

Por muito que seja escolhido,
Se pode tornar aquele seu filho
Se não passar tal tejadilho.


Olha agora, em teu redor,
Admira todo o esplendor;
Tem sempre tanto encanto,
Puro e santo como Taranto.
Neste tempo "eternamente",
Abre a mão, pensa e sente,
Pois tens agora imenso poder
Desde que conjugues o "querer".
Podes caçar todos os animais
E espetá-los nos teus portais;
Teu superior vais desarmar,
Ou ficas apenas a lamentar?
Onde formas ponto de ligação,
E talvez nem tenhas coração,
Podes erguer a tua varinha,
E aclamar-te de Rainha!

05 julho, 2012

Essencial:mente

Derivado de essência, essencialmente é o âmago magno da origem de tudo aquilo que existe. Contudo, nos confins das suas hierarquias, outrora nascera, de seu ventre, um fruto tirano.
"Ali veríeis galante, assim pelo corpo como pelas pernas, que, certo, assim parecia bem" - viria a anunciar o tão esperado vocábulo, de formosa construção, tão humilde e tão voraz.
Cresceu, fumou, sorriu, chorou, saltou, berrou e roubou. Como vocábulo de origem, seu Deus lhe dera oportunidade de experimentar seus semelhantes, e eis o resultado já escrito. Criado estava, Essencial, à imagem e semelhança de seu Deus, o majestoso dicionário, e possuía aquilo que seus "irmãos" não continham nas suas características vocabulares.
Semente amaldiçoada, cedo viria a influenciar. Sua tarefa terminada, pelas linhas familiares suas consequências criou. Mas, seu destino tinha gravado até sangrar que uma roxa magia o iria regenerar, não naquelas pequenas linhas, mas num horizonte imaginário a esses sujeitos escritos.
"Façamos o Homem à imagem e semelhança de Essencial", e sucesso pretendido, garantido e registado. Num recheado leque de opções, erro fatal, esse criador. Outrora se vivera num mundo puro, livre, sem leis, palavras e seu Deus; máquinas mágicas, invenções e pó de fada, e tudo palpitou um "adeus".
Essencial, o mestre, cresceu; surgiu, portanto, o Mente. Criatura estranha, deveras. Questionado sobre o que eventualmente seria, afirmou ser a consciência de Essencial, ou a inconsciência, ou as duas coisas. Por certo, nunca se concluiu qual a sua verdadeira utilidade, mas certamente essa não seria uma prioridade divina.
Enquanto isso, no mundo das criaturas de carne e osso, do Homem, digamos, também uma consciência foi criada. Essa não foi questionada, não haveria necessidade; afinal, foi criada à imagem, semelhança (e consciência) de um Deus, é óbvia a sua perfeição. Mente essa que evoluiu, no entanto, mas cujo nome "Mente" se transformou. Afinal, esse Deus não era tão deus, sua Mente continuou a mesma, e aí o aluno superou o mestre.
Mas, apesar de toda essa alegria, nenhuma semente se perde por completo, eis que aqui importa remeter-se a essência, a denominação. Se és Homem, e se tens consciência, não te martirizes, porque "Mente" é algo que te acompanha sempre.
Se há alguém que se deve chicotear e martirizar é, sem dúvida, o Essencial. Ai que malvado que esse menino foi.